OBJETIVO: A bupivacaína racêmica, utilizada largamente em anestesia peribulbar devido à boa qualidade de bloqueio motor, apresenta menor margem de segurança para cardiotoxicidade em relação a ropivacaína e bupivacaína levógira. O objetivo deste estudo foi comparar o grau de bloqueio motor e alteração da pressão intra-ocular (PIO) em anestesia peribulbar produzida pela bupivacaína racêmica, levobupivacaína e ropivacaína. MÉTODOS: Noventa e sete pacientes, estado físico I e II da classificação da Sociedade Americana de Anestesiologistas, submetidos a anestesia peribulbar, foram divididos em três grupos: grupo A-(n=16) bupivacaína racêmica 0,75% com adrenalina 1:200.000; grupo B -(n=16) bupivacaína levógira 0,75% com adrenalina 1:200.000; grupo C -(n=15) ropivacaína 0,75%. Utilizou-se 7ml da solução anestésica com 280 UI de hialuronidase, em punção única no rebordo orbital inferior. Foram registrados a PIO e grau de bloqueio motor 5 minutos antes da punção e 1, 2, 3, 4, 5 e 10 minutos após a punção. O bloqueio motor foi avaliado pela escala de Nicoll. Para a análise estatística, foram utilizados os testes de Wilcoxon, análise de freqüência simples e t de Student. Foi considerado significativo p<0.05. RESULTADOS: Não houve diferenças significativas entre os grupos quanto ao grau de bloqueio motor. A variação da PIO entre os grupos não apresentou significado clínico. CONCLUSÕES: Considerando-se a idade avançada da maioria dos pacientes e as altas concentrações utilizadas em bloqueio peribulbar, a ropivacaína e a levobupivacaína representam um avanço, pois além de maior segurança em relação à cardiotoxicidade, produzem o mesmo grau de bloqueio motor da bupivacaína racêmica.
BACKGROUND AND OBJECTIVE: Racemic bupivacaine, used in peribulbar anesthesia owing to its high potential to promote motor blockade, presents a smaller safety margin for cardiotoxicity in relation to ropivacaine and levobupivacaine. The objective of this study was to compare the degree of motor blockade and alteration of intraocular pressure (IOP) produced by racemic bupivacaine, levobupivacaine and ropivacaine in peribulbar block. METHOD: Ninety seven patients, ASA physical status I and II, submitted to peribulbar anesthesia, were randomly allocated into three groups: group A-(n=16) receiving racemic bupivacaine 0.75% with epinephrine 1:200.000; group B -(n=16) levobupivacaine 0.75% with epinephrine 1:200.000; group C -(n=15) ropivacaine 0.75%. A single inferior injection peribulbar anesthesia was performed with 7ml of the anesthetic solution plus 280 UI of hyaluronidase. The IOP and the degree of motor blockade were registered five minutes before injection and 1,2,3,4,5 and 10 minutes after it. The motor blockade was evaluated according to Nicoll's scale. For statistical analysis, Wilcoxon's test, simple frequency analysis, and Student-t test were used. p<0.05 was considered significant. RESULTS: There were no significant differences between groups with respect to the degree of motor blockade. The IOP variation between the groups was not clinically significant. CONCLUSIONS: Considering the advanced age of most of these patients and the high concentrations of local anesthetics used in peribulbar blockade, the use of ropivacaine and levobupivacaine produces motor blockade as effective as racemic bupivacaine while minimising risks for cardiotoxicity.